A Invicta cidade do Porto!

«Cortado de tantas e tão árduas fadigas
Arrebatado de morte prematura (24 de Setembro),
No momento em que passava desta a melhor vida,
Deixou em testamento
A esta nossa antiga

Mui Nobre, Heróica, sempre Leal e Invicta Cidade
Este tão precioso penhor do seu Ser.»

 

Porto, a cidade invicta! Título recebido no século XIX durante as Guerras Liberais (1832-1834) e após o cerco da cidade pelas tropas Miguelistas. O Porto demonstrou-se “invicto” perante a ofensiva de D. Miguel, revelando-se um ponto-chave, que mais tarde garantiu a vitória dos liberais chefiados por D. Pedro em todo o país.

Este período da história foi dramático para a cidade portuense. As condições do cerco foram duríssimas. A cidade foi atingida por bombardeamentos interruptos, períodos de grande fome e surtos de doenças infecto-contagiosas como a cólera e a tifo. Esta conjuntura de guerra poderia ter resultado no descrédito e no abandono da causa liberal por parte dos habitantes, contudo, e ao contrário do que se poderia esperar, os portuenses resistiram, reconheceram e apoiaram as políticas de D. Pedro.

O cerco teve fim a 20 de Agosto de 1833, mas a “Guerra dos Dois Irmãos” prosseguiu, dissolvendo-se apenas a 26 de maio de 1834 com a Convenção de Évora Monte, onde entre outras condições, foi imposta a rápida e completa rendição de D. Miguel e de todas as suas tropas. D. Pedro, que sofria de tuberculose, abdicou da regência do reino e fez subir ao trono a sua filha, D. Maria II. A morte de D. Pedro foi uma morte esperada, ainda que tivesse deixado uma sensação de orfandade a todos os liberais. O seu corpo foi para o Panteão dos Braganças, em S. Vicente de Fora, e o seu coração foi enviado “aos leais amigos Portuenses”, conforme pedido manifestado a sua esposa e escrito em testamento, uma vez que era seu desejo que o mesmo fosse depositado “naquela cidade Heroica”.

Apesar do coração do Rei D. Pedro IV ter sido entregue à cidade, a Igreja da Lapa é a sua fiel depositária, por vontade de D. Maria II. O coração do Rei está conservado num escrínio, desde 1837, num monumento construído por Costa Lima, localizado na capela-mor ao lado do Evangelho.

Esta dádiva, demostrou e continua a perpetuar, a gratidão e o afeto que o Rei D. Pedro nutria por esta cidade.

Rosa Magalhães, Historiadora

 

Vídeo oficial da Venerável Irmandade da Nª Srª da Lapa: https://youtu.be/EUicOto3r7k

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Fotografia: Foto Beleza, 1940

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